Panorâmica do Rio de Janeiro de cima do Pão de Açucar
Todo montanhista paranaense quer escalar no Rio. Só de pensar que a cidade é rodeado de montanhas e trilhas é um prato cheio para conhecer e escalar por lá. As montanhas estão tão encravadas na cidade que os cariocas são conhecidos por não gostar de caminhar muito para escalar. Diferente de nós e até os paulistas que temos que caminhar muito para escalar.
Minha primeira visita ao Rio foi em 2007, após um período longo sem treinar foi visitar minha irmã que na ocasião estava morando por lá.
Minha intensão era escalar a famosa Italianos no Pão de Açúcar, mas como eu estava indo sozinho pensei logo em contratar um guia do Rio para escalar. Pelo site da federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro ( FEMERJ) www.femerj.org peguei alguns telefones de guias e contatei o pessoal da Companhia da Escalada www.guiadaurca.com e marquei minha escalada para a Italianos.
O Pão de Açúcar
Na realidade nem sabia quem iria escalar comigo e logo chega no estacionamento o Flávio Dalfon , no momento nem me toquei quem ele era. Fomos conversando na trilha e logo falou que era casado com uma Curitibana a Cíntia. "A Cíntia" pô... na hora já me toquei e falei para ele que fui muito amigo dela em Curitiba, eu havia até falado com ela por telefone para contratar o guia e nem percebi quem era. Conheci a Cíntia na Associação dos Montanhistas de Cristo em 1996 e sempre ia a casa dela, naquela época ela era uma das principais responsáveis de uma revista chamada "Vertigem" e com muita custas eles mantiveram circulando dois anos (ela era semestral). Vejo que o "Fator 2" que circula no Rio é a muito parecido com a Vertigem e provavelmente foi aonde tudo começou. Lembro até que ela comentava sobre um amigo carioca (era o Flávio), mas depois perdemos contato e nunca mais vi ela. É... como esse mundo é pequeno!!
Revista Vertigem - Ainda tenho os 4 exemplares
Primeira cordada da Italianos (5sup)
Fomos direto para base da Italianos e como o Flávio não me conhecia não me deixou guiar as primeiras cordadas, mas depois fui guiando até o cume. A Italianos são apenas duas cordadas de 5c grau , com lances em regletes bem bacanas, depois você faz uma transversal a esquerda saindo da aresta e passando a uma via chamada Secundo 4grau, tranquilésimo e ao total deu 5 cordadas.
No cume minha família já me esperava, estava um dia maravilhoso: sol, cume, família e reencontrando velhos amigos.
A via Italianos segue por essa aresta no centro
P2 da Italianos
Italianos
Travessia para a Via Secundo (4grau)
Escalar com visual assim só no RJ
Guiando a 1 cordada da secundo (até aí quatro cordadas)
Parada no grande plato antes da ultima cordada
Flávio Dalfon (meu guia) e Roberto.
Flávio é um dos escaladores mais influentes do Rio, conquistador de varias vias e o autor de livros e guias de montanha.
Morro da Babilônia, o local aonde sai o bondinho
Em 2008 resolvi voltar novamente para Rio, na ocasião estava mais treinado e já me arrisquei fazer as vias em solitário. Primeiro fui para o Morro da Babilônia, ela faz parte do conjunto da Urca e é aonde sai o bondinho. É o campo escola da Região com vias muito fáceis e bem grampeadas, apesar de ser vias longas de até 200m. Escalei um dia e entrei em duas vias, mas realmente não consegui identificar quais foram.
Analisando qual via entrar, alias nem sei que via acabei entrando
Na P2 de umas das vias da Babilonia
Limpando a via (solitário)
Corcovado e Cristo Redentor, o ponto mais famoso do Rio
Após um dia de descanso foi para a via mais famosa do Rio a K2 no Corcovado. O Corcovado com o Cristo Redentor é o ponto turístico Brasileiro mais conhecido no mundo e também o mais visitado do Rio. Para chegar a base da via que fica já a 500m de altura, você tem que percorrer todo o caminho dos turistas que vão ao Cristo. Para quem quer apenas escalar essa parte é uma perda de tempo, mas necessária.
Fui de Van até uma parte da estrada e após isso percorri um trecho curto de a pé, pois os motoristas falaram que não podiam parar no meio do caminho.
Subindo o corcovado pela estrada
Quando entrei na trilha que dá acesso a base da via era um caminho sujo (lojas e lanchonetes encima do morro não cuidam muito de seus lixos) e estava cheio de teias de aranhas. Percebi então que estaria realmente sozinho naquele dia e isso me deixou um pouco preocupado, pois eu iria escalar em solitário e sem ninguém no local. A graduação no manual falava em 4grau e não representava dificuldade.
A primeira cordada da K2
Escalando em solitário
A primeira cordada era toda por uma fissura que você ia progredindo em oposição. No croqui falava que a via era grampeada, mas levei umas peças de "excentric" para reforçar minhas proteções. Isso foi ótimo pois sinceramente a graduação para mim era um 5grau e não 4grau como dizia. A via era realmente linda, com lances facéis mas ao mesmo tempo diferente do que eu estava acostumado. Na segunda cordada tinha um pequeno trecho molhado e saía em transversal, percebi que se eu decidi-se voltar rapelando seria muito arriscado. Então aí para frente só o cume era a minha saída.
A via já equipada
A vista na segunda cordada da k2
Quase no final da via
A via tem 150m com 4 cordadas no total, mas como eu esta sozinho e eu mesmo tinha que desequipar a via, escalei 300m numa tarde. O visual é impressionante com uma via bem variada, tudo o que você precisa de uma escalada tradicional e clássica. E para recompensar no final você chega ao Cristo, tá certo que eu não fazia questão de ter que passar no meio de todos aqueles turista te olhando e perguntando como você chegou ali.
Faltou eu escalar na Pedra da Gavea a Passagem dos Olhos, mas na época me deixaram com medo de ir para lá sem companhia, ficou para próxima.
O Rio de Janeiro é realmente a "Cidade Maravilhosa"
Foto clássica no corcovado