segunda-feira, setembro 17

Travessia da Serra do Ibitiraquire em Solitário

Travessia da Serra do Ibitiraquire, sempre estava na minha cabeça e por varias vezes planejei faze-la mas por um motivo ou outro, acabava não acontecendo. Cheguei a ir uma vez e deixar um carro na fazenda do bolinha para minha volta, mas quando estávamos acampando encima do Itapiroca pegamos uma tempestade, daquelas perigosas com muito relâmpagos e nós num lugar super exposto. Confesso que fiquei com muito medo e cheguei a rezar para passar rápido aquela chuva, mas ela não cessou nem um pouco e caiu a noite inteira, a agua era tanta que entrava por cima e por baixo, pois o terreno do Itapiroca ficou encharcado criando poças até dentro da barraca. No dia seguinte não tive opção se não desistir e voltar para a fazenda do Dilson, estava eu e mais dois amigos.
 
 
Placa indicativa
 
O tempo no Paraná a dois meses esta ótimo para caminhada, pois se mantem seco  com uma ótima visualização. E aproveitando o ultimo feriado de 7 de setembro, que provavelmente teve alguns montanhistas fazendo a travessia, sua trilha  estaria mais marcada e evidente. Chamei o Reymondy (primo e amigo) para fazer a travessia comigo, mas um dia antes ele me avisou que não poderia ir. Já sabia dessa possibilidade e estava preparado para ir solitário, pois não queria deixar passar a oportunidade de tempo bom e eu estar numa fase física excelente.


 Campos de altitude do Itapiroca, a esquerda no fundo o Ciririca

Fui no dia 15 de setembro, um sábado a tarde, alias nesse dia estava se comemorando 50 anos da travessia Alfa-Omega (do morro do Canal ao Marumbi) considerado a maior e mais difícil travessia do Paraná (com pouquíssimas repetições) e o saudoso Vitamina (um dos autores da proeza) estaria encima do Morro do Canal para comemorar a data.
Cheguei a pensar em ir ao morro do Canal, mas o dia estava perfeito de mais para mim pensar em outra atividade e as 15:50 eu já estava subindo o Morro do Getúlio o primeiro da seguinte sequência Getúlio, Itapiroca, Cerro Verde, Tucum e Camapuam. As 18:00hs já estava no cume do Itapiroca curtindo um visual incrível do por do sol.
 
 Do cume do Itapiroca  o Tucum e o Camapuam


 Amanhecer do Itapiroca

Conheço bem a região, pois caminho a anos nessa região do Pico do Paraná, mas a travessia eu realmente nunca tinha feito. Esse trecho do Itapiroca até o Cerro Verde é pouco frequentado, fazendo sua trilha ser mas fechada e por muitas vezes confusa. Por causa da alta temporada do montanhismo Paranaense a trilha me parecia bem sinalizada, alias a sinalização era feita por fitas vermelhas, amarelas, brancas, sacola de mercado e até embalagem de bolacha, mas as fitas mas evidentes e claras eram as amarelas. Era só seguir com calma que você sempre encontrava as fitas e até marcas antigas feitas com machados e facões.

Descendo a crista do Itapiroca ( Ciririca, Luar e Cerro Verde)

 Fitas indicativas da trilha

Levantei cedo, desmontei o acampamento, curti o nascer do sol e as 6:30hs comecei a minha descida pela crista do Itapiroca rumo ao Cerro Verde. O começo da crista andei por campos de altitudes repletos de caratuvas e mesmo com o tempo seco seu piso estava muito molhado e barrento. Aos pouco foi entrado na mata fechada, com muita arvores,  raízes e bromelhas. Até o Cerro Verde passei apenas por um ponto de agua e não tive muita dificuldade com a trilha, chegando ao seu cume as 7:45hs.


 Pico do Paraná visto do Cerro Verde
 
Do Cerro Verde já avistava bem claro aonde eu iria passar na famosa escalaminhada do Tucum e já me atirei a trilha para sua base. Esse trecho achei mais confuso, com pouca sinalização e varias bifurcações sem marcação, errei duas vezes e tive que voltar para entender aonde tinha errado, perdi alguns minutos nisso. Mas aos poucos já estava na base do Tucum e galgando suas escarpas realmente ingrimes para chegar ao seu cume. Esse trecho sempre foi muito comentado e eu esperava ansioso para vence-lo. E exatamente as 9:20hs estava no cume.  
 
 

 Tucum e suas escarpas


 Bromelhas


Eu na famosa escalaminhada do Tucum
 
Para mim o cume do Tucum era o final da travessia, descansei uns 30 minutos e já liguei para meu amigo Maurício fazer um resgate dali a 2 horas no fazenda do Bolinha. Desci muito bem e contente de ter realizado essa travessia e as 12:00hs já estava  finalizada  a minha empreitada.


 
Barraca no cume do Tucum a esquerda o Itapiroca e a direita o Pico do Paraná